A Cruz E uma Coisa Radical
A.W. Tozer
A cruz de Cristo é
a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens.
Depois que Cristo
ressurgiu dos mortos, os apóstolos saíram a pregar a Sua mensagem, e o que
pregaram foi a cruz. E por onde quer que fossem pelo mundo, levavam a cruz, e o
mesmo poder revolucionário ia com eles, A mensagem radical da cruz transformou
Saulo de Tarso e o mudou de perseguidor dos cristãos em um terno crente e um
apóstolo da fé. Seu poder mudou homens maus em bons. Sacudiu a longa escravidão
do paganismo e alterou completamente toda a perspectiva moral e mental do
mundo ocidental.
Fez tudo isso, e continuou a fazê-lo enquanto se lhe permitiu
permanecer como fora originalmente, uma cruz. Seu poder se foi quando foi
mudado de uma coisa de morte para uma coisa de beleza. Quando os homens fizeram
dela um símbolo, penduraram-na nos seus pescoços como ornamento ou fizeram o
seu contorno diante dos seus rostos como um sinal mágico para protegê-los do
mal, então ela veio a ser, na sua melhor expressão, um fraco emblema, e na
pior, um inegável feitiço. Como tal. é hoje reverenciada por milhões que não
sabem absolutamente nada do seu poder.
A cruz atinge os seus fins destruindo o modelo estabelecido,
o da vítima, e criando outro modelo, o seu próprio. Assim, ela tem sempre o seu
método. Vence derrotando o seu oponente e lhe impondo a sua vontade. Domina
sempre. Nunca se compromete, nunca faz barganhas, nunca faz concessão, nunca
cede um ponto por amolda paz. Não se preocupa com a paz; preocupa-se em dar fim
à sua oposição tão depressa quanto possível.
Com perfeito conhecimento disso tudo, Cristo disse: "Se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me."
Assim a cruz não só põe fim à vida de Cristo; termina também a primeira vida, a
velha vida. de cada um dos Seus seguidores verdadeiros. Ela destrói o velho
modelo, o modelo de Adão, na vida do crente, e lhe dá fim. Então o Deus que
levantou a Cristo dos mortos levanta o crente, e uma nova vida começa.
Isto, e nada menos que isto, é o cristianismo verdadeiro, embora
não possamos senão reconhecer a aguda divergência que há entre esta concepção e
a sustentada pelo tipo comum de cristãos conservadores hoje. Mas não ousamos
qualificar a nossa posição. A cruz ergue-se muito acima das opiniões dos homens
e a essa cruz todas as opiniões terão que vir afinal para julgamento. Uma liderança
superficial e mundana gostaria de modificar a cruz para agradar os religiosos
maníacos por entretenimento que querem divertir-se até mesmo dentro do
santuário; fazê-lo, porém, é cortejar a tragédia espiritual e arriscar-se à ira
do Cordeiro feito Leão.
Temos que fazer alguma coisa quanto à cruz, e só podemos
fazer uma destas duas: fugir ou morrer nela. E se formos tão temerários que
fujamos, com esse ato estaremos pondo fora a fé vivida por nossos país e
faremos do cristianismo uma coisa diferente do que é, Neste caso, teremos
deixado somente o vazio linguajar da salvação; o poder se irá juntamente com a
nossa partida para longe da verdadeira cruz.
Se somos sábios, faremos o que Jesus fez: suportaremos a cruz
e desprezaremos a sua vergonha pela alegria que está posta diante de nós. Fazer
isso é submeter todo o esquema da nossa vida, para ser destruído e reconstruído
no poder de uma vida que não se acabará mais. E veremos que é mais que poesia,
mais que doce hinologia e elevado sentimento, A cruz cortará fundo as nossas
vidas onde fere mais, não nos poupando nem a nós mesmos nem as nossas
reputações cultivadas. Ela nos derrotará e porá fim às nossas vidas egoístas.
Só então poderemos elevar-nos em plenitude de vida para estabelecer um padrão
de vida totalmente novo, livre e cheio de boas obras.
A modificada atitude para com a cruz que vemos na ortodoxia
moderna prova, não que Deus mudou, nem que Cristo afrouxou a Sua exigência de
que levemos a cruz; em vez disto, significa que o cristianismo corrente
desviou-se dos padrões do Novo Testamento. Para tão longe nos desviamos que
nada menos que uma nova reforma restabelecerá a cruz em seu lugar certo na
teologia e na vida da igreja.
Por Radix
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